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BLOG SINDASPI-SC


16/09/2013 | Agroecologia /Agronegócio

Criação da ANATER - retorno ao difusionismo?

Nos últimos anos a discussão sobre ATER no Brasil se tornou mais intensa. No governo LULA, a ATER pública, que fora praticamente sepultada nos governos neoliberais dos anos 90, foi revitalizada. Com o esforço do governo através do MDA, de Ongs ligadas a agroecologia e movimentos sociais e com a participação ativa da sociedade civil, através de conferências, foi criada a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural - PNATER, considerada um avanço no campo das políticas públicas de ATER.

 

Posteriormente foi criada a lei de ATER, garantindo recursos públicos do orçamento da União para as práticas de ATER. Essas conquistas no campo jurídico institucional levaram ao reconhecimento da sociedade em relação ao papel estratégico da ATER para o desenvolvimento do país e a mitigação da pobreza no meio rural. Surgiu a necessidade de articular e universalizar as diversas experiências no Brasil inteiro através da criação de um Sistema Nacional de ATER. Assim nasceu, na forma de projeto de lei, a proposta da ANATER - Agencia Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural - que já foi aprovado, por unanimidade, na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, no último dia 7 de agosto.

 

Contudo, após décadas de avanços nos debates e na construção coletiva das concepções norteadoras da ATER pública no Brasil, muita coisa boa foi se perdendo nos bretes do institucionalismo burocrático e fisiologista do parlamento brasileiro. O caráter agroecológico que norteava a PNATER, por exemplo, que foi sutilmente escanteado na lei de ATER e parece sequer constar na proposta da ANATER em curso. Parece que estamos legitimando o solene retorno do produtivismo/difusionismo alicerçado na inovação/transferência tecnológica, instrumento da revolução verde tão combatido nos últimos 25 anos pelos resultados nefastos que ajudou a produzir na agricultura familiar e camponesa do Brasil.

 

O acúmulo produzido nos últimos anos no campo da ATER pública não pode resultar num retrocesso histórico. As organizações que lutam pelo fortalecimento da agroecologia e pela emancipação dos agricultores familiares e camponeses não poderão permitir que todo esse esforço coletivo seja ignorado. Afinal, o que se busca com a criação de um Sistema Nacional de ATER? Se for para reproduzir o modelo agropecuário hegemônico produtivista não necessitaríamos de mais investimento público em ATER.

 

Adriano Scariot - Coordenação do Sindaspi/SC

  

Confira a íntegra do projeto de lei de criação da ANATER

 

Veja a nota de repúdio do III EIA (Encontro Internacional de Agroecologia) à forma de criação da ANATER