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BLOG SINDASPI-SC


08/12/2015 | Artigos

Elevar o valor dos pisos estaduais é valorizar a produção e o trabalho

As centrais sindicais, assessoradas pelo DIEESE, e as organizações empresariais, iniciaram o processo de negociação dos pisos estaduais de salários (atualmente existentes em cinco estados do Brasil). As centrais estão reivindicando para os pisos algo em torno de 15%, o que representa cerca de 4,5% de ganho real. A negociação ocorre em meio a um processo de dificuldades da economia brasileira, que é real, mas superdimensionado pelos interesses políticos. Parte das dificuldades econômicas, inclusive, advêm da crise política, visto que houve contaminação da economia pelo acirramento das posições.

 

A postura das centrais nessa campanha dos pisos é não aceitar a ideia, bastante difundida entre certos segmentos empresariais, que 2016 já é um ano perdido para o crescimento e o emprego. Se pretendemos forjar um país com desenvolvimento econômico, social e ambiental, e com soberania, é fundamental aumentar a produtividade, gerar empregos de qualidade e elevar a renda média. Mas não conseguiremos alcançar estes objetivos pagando salários miseráveis, e sim buscando um modelo de desenvolvimento que valorize a produção e o trabalho.

 

O que os trabalhadores estão reivindicando, através das centrais, é melhorar a capacidade de adquirir pão, leite, feijão e arroz. O pleito é o de ampliar em 4,5% um salário de R$ 908, quando uma cesta básica suficiente para um adulto, em Florianópolis, está custando R$ 378,45, (quase 42% do piso estadual). Dezenas de milhares de catarinenses dependem diretamente do piso estadual para comer, vestir e se deslocar.

 

Correção salarial de salários na base da pirâmide representa imediata melhoria das condições de vida do trabalhador e sua família, possibilitando, ao mesmo tempo, a movimentação de toda a economia catarinense. O aumento do valor dos pisos irá melhorar um pouquinho a dura vida do trabalhador, e, ao mesmo tempo, impulsionará o funcionamento da economia como um todo, incrementando imediatamente o consumo de alimentos, roupas e outros itens básicos, gerando produção e emprego.

 

A luta das lideranças sindicais, é importante lembrar, visa elevar um pouco salários que são, na média, muito baixos. O argumento de que as empresas não irão aumentar salários porque querem preservar empregos, não nos convence.

 

As empresas em Santa Catarina já vêm ajustando seus custos com mão de obra, via redução do quadro de pessoal: nos últimos 12 meses até setembro a economia catarinense reduziu em 37.000 postos o emprego formal. Ademais, estamos assistindo um processo de rebaixamento salarial através da rotatividade, visto que as empresas vêm demitindo trabalhadores com salário um pouco maior, substituindo por outro com salário menor. Quem se manteve no emprego, além disso, está tendo que compensar, pelo menos em parte, a ausência dos trabalhadores demitidos, o que significa uma elevação da produtividade do trabalho pelo lado ruim, ou seja, através da diminuição do quadro de pessoal.

 

O peso da despesa com pessoal no custo total das empresas, de modo geral, é baixo (especialmente para as grandes empresas), o que significa que o impacto do aumento dos pisos será reduzido. Mesmo porque apenas uma parcela dos trabalhadores recebe o piso. Outros impactos de custo, como juros e câmbio, por exemplo, são muito mais significativos para as empresas. As firmas exportadoras catarinenses, por exemplo, têm sido muito beneficiadas pela grande desvalorização do real nos últimos meses.

 

A ampliação do nível de renda das famílias é o melhor caminho para abreviar o atual período recessivo do ciclo econômico porque possibilita a manutenção da distribuição de renda e dos níveis de consumo. A distribuição de renda via aumento dos salários garante que a recuperação econômica seja antecipada, impedindo um ciclo vicioso de aumento do desemprego, queda nos salários reais e redução na demanda efetiva.

 

José Álvaro Cardoso*

Economista e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.