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BLOG SINDASPI-SC


07/11/2016 | Atividades Sindaspi-SC

Noite Vermelha dá a lição sobre a união viva do povo haitiano

A Noite Vermelha organizada pelo Sindaspi em parceria com o Sitracarnes e a Universidade Fronteira Sul em 28 de outubro, em Chapecó, juntou à cor vermelha a cor azul e transformou o evento de comemoração dos 28 anos de fundação do Sindaspi em um momento de aprendizagem e reflexão sobre a história do Haiti, que leva na bandeira essas duas cores. O seu povo,mesmo com um passado de exploração e saque das riquezas do país por França e Espanha a partir de 1492, lutou por sua independência conquistada em 1804 e continua a lutar bravamente a cada catástrofe e desastre naturais que assolaram o país. O país foi o primeiro das Américas a tornar-se independente e a abolir a escravatura.


Após a abertura do evento que contou com as apresentações do coordenador estadual do Sindaspi, Fabio Cazuni, da representante do mandato do deputado federal Pedro Uczai, Daisy Schuch, do presidente do Sitracarnes, Jenir de Paula, e do coordenador do Programa Pró Haiti na UFFS, João Alfredo Braida, o público pode ouvir de Bachelor Louis –  no Brasil desde 2013, estudante de letras e professor de francês em Chapecó-, um pouco da história daquele país rico em petróleo e ouro e sobre sua economia baseada também em agricultura e turismo.

Bachelor diz ser “um grande privilégio poder explicar pras pessoas a história do Haiti como um povo guerreiro que luta pela liberdade e um país que tem muitas coisas bonitas. Eu queria ter mais tempo pra mostrar e ensinar pra vocês brasileiros”.

O público também ouviu atentamente às críticas do estudante de Ciências Sociais Nahoum Saint Julien, sobre a presença das tropas brasileiras incorporadas às tropas da ONU enviadas ao país desde 2004, logo após o golpe patrocinado pelos norte-americanos, que derrubou e exilou o presidente eleito Jean Bertrand Aristides.


As queixas sobre a presença das tropas da ONU no país (chamadas Minustah) são de que estupram, levam insegurança e doenças até então inexistentes - como a cólera- para a população. Nahoum, que se encontra no Brasil desde 2014, observa que se as tropas estivessem lá pra ajudar, muitos cidadãos não precisariam vir para o Brasil atrás de emprego e denuncia que as tropas estão lá para garantir que nenhuma outra nação procure intervir politicamente e nas riquezas na ilha a não ser os EUA. Em entrevista, ele afirma que eles (americanos) vêem o Haiti como uma reserva, com bastante riqueza e por isso não querem deixar o país crescer.

 

 

Os imigrantes no Brasil


Para acompanhar e auxiliar os imigrantes haitianos e de outras cidadanias na questão do preconceito e também na busca de documentação para legalização da estadia, trabalho e estudos, a UFFS hospeda no campus de Chapecó um Centro de Referência em Direitos Humanos. O pró reitor João Alfredo diz que o imigrante haitiano pode apresentar sua documentação referente aos estudos no país de origem para ser validada na UFFS até o final de seu curso de graduação. Ele lembrou que a parceria entre o Haiti e Brasil no âmbito da Universidade ocorreu após  morte de 150 professores e mais de 2016 alunos universitários no terremoto em 2010. 

O presidente do Sitracarnes chamou a atenção para as dificuldades encontradas pelos imigrantes que desembarcam na região. Em grande maioria conseguem emprego nas indústrias frigoríficas, com precárias condições de trabalho e baixos salários. Ele alertou para o fato que as dificuldades e lutas devem ser ainda maiores daqui pra frente com as medidas que esse governo quer tomar, como a flexibilização das leis trabalhistas e da previdência.

 

Para o haitiano Wisnelanche que mora no Brasil desde 2013 e agora está desempregado, o preconceito aumentou as dificuldades já que veio para o Brasil pensando em uma nova perspectiva de vida,  de ganhar mais dinheiro e contribuir com a família que deixou no Haiti. Ele conta que nesse mês de outubro deixou o emprego na BRF por causa do preconceito e do baixo salário de R$1200. Ele agora está com uma ação na justiça e espera ganhar mais e melhorar sua situação para poder voltar a ver a companheira e os dois filhos com menos de seis anos que deixou no país de origem.  

Para o coordenador do Sindaspi e organizador do evento, Fábio Cazuni, a história do povo haitiano surpreendeu e são oportunidades como a Noite Vermelha que proporcionam o conhecimento da realidade de outros povos trabalhadores. A gente se assemelha muito a eles e que ficam muito felizes em contar sua história e deixaram uma lição que somente com união conseguiremos nossos objetivos.

 

Texto: Silvia Agostini - Assessoria de Comunicação do Sindaspi

Fotos: Josefina Carvalho