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Garoto indígena de 2 anos é assassinado em SC
Vítor, da tribo Kaingang, era amamentado pela mãe na rodoviária de Imbituba, quando um homem se aproximou e o degolou com um estilete. Conselho Indigenista Missionário suspeita se tratar de um caso de intolerância.
Um crime brutal e covarde aconteceu na última quarta-feira (30), na rodoviária da cidade de Imbituba, localizada no Sul de Santa Catarina. Vítor Pinto, de 2 anos, foi morto por um homem que se aproximou, acariciou seu rosto e depois o feriu no pescoço com um estilete, por volta do meio dia. A polícia prendeu no mesmo dia um suspeito que estava em liberdade provisória, e que logo foi liberado, porque não foi reconhecido pela mãe de Vítor, Sônia da Silva, nem pelo pai, Arcelino Pinto.
A família do garoto assassinado é originária da Aldeia Kondá, no município de Chapecó, Oeste de Santa Catarina. Segundo o delegado a família ficaria na rodoviária para vender seus artesanatos até o carnaval, quando os pais de Vítor e seus dois irmãos, um de 6 anos e outro de 12 voltariam para a aldeia.
Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), informações colhidas por um advogado que acompanhou a família Kaingang apontam que o assassinato pode estar ligado a ação de grupos neonazistas ou de outras correntes segregacionistas. Em nota, o Cimi manifestou o repúdio à violência contra indígenas e quilombolas, manifestando inquietação frente a crescente intolerância que se propaga na região sul do país: “O Conselho Indigenista Missionário manifesta preocupação com o clima de intolerância que se propaga, na região sul do país, contra os povos indígenas. Um racismo – às vezes velado, às vezes explícito – é difundido através de meios de comunicação de massa e em redes sociais. Ocorrem, com certa frequência, manifestações públicas de parlamentares ligados ao latifúndio e ao agronegócio contrários aos direitos dos povos indígenas e que incitam a população contra estes povos. Em todo o país registram-se casos de violência e de intolerância contra indígenas e quilombolas, manifestadas concretamente nas perseguições, nas práticas de discriminação, na expulsão e no assassinato de indígenas. Nestes últimos dias pelo menos cinco indígenas foram assassinados no Maranhão, Tocantins, Paraná e Santa Catarina. O Conselho Indigenista Missionário espera que esse crime hediondo seja efetivamente investigado e que, não se cometam erros ao tentar dar uma resposta imediata à sociedade, imputando a um inocente crime que não praticou”.
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