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Mino Carta: Mídia brasileira é extensão da Casa-Grande e Senzala
Para jornalista, mídia brasileira é a extensão da Casa-Grande e Senzala,
em alusão à obra de Gilberto Freire
"Nesse mar, não vai dar peixe, podem crer". É usando um ditado popular que o jornalista Mino Carta descarta qualquer possibilidade do Congresso Nacional aprovar legislação que remeta à regulamentação da imprensa.
Durante a palestra "A história do jornalismo brasileiro através da ficção", realizada nesta semana, em São Paulo, o diretor da revista Carta Capital se baseou em exemplos estrangeiros para defender a existência de um órgão regulador e criticou o fato da mídia brasileira ser "a extensão da casa grande".
"Desse Parlamento que nós temos, jamais esperem
essa lei. Eles não têm interesse de lançar ao mar essa lei", ponderou. Mino
ressaltou que a imprensa no Brasil está "alinhada de um lado só". "A maior
desgraça do país é representada por três séculos e meio de escravidão. A casa
grande e a senzala continuam. É um pecado que indiretamente nós todos
aceitamos, com a contribuição do jornalismo brasileiro, presente para nos
confundir constantemente", disse.
Italiano de Gênova, Mino afirmou não conhecer
outro país que viva situação semelhante e avaliou que os veículos de
comunicação nacionais representam os interesses da minoria dominante. "Não
conheço um único país do mundo, dos desenvolvidos, dos democráticos, dos
civilizados, não conheço um que tenha o mesmo tipo de mídia", disse. "O que me
leva a crer que a mídia [brasileira] é a extensão da Casa-Grande e Senzala",
complementou, ao se referir à obra do antropólogo Gilberto Freire, de 1933
Responsabilidade de jornalista
Em São Paulo desde 1946, o profissional conta que
no início da carreira "trafegava pelo jornalismo com certo espírito
mercenário", porém com lealdade ao patrão que pagava seu salário. Ele percebeu
a responsabilidade de sua tarefa, após passagem pela Editora Abril. "A família
Civita entende de Brasil, como eu de numismática. Naquela época, realmente
percebi a necessidade, a serventia do bom jornalismo. Ao jornalista não peçam
para ser objetivo. A objetividade é das maquinas de escrever. O jornalista é
subjetivo ao colocar uma vírgula em uma página em branco. A imprensa omite,
mente e inventa. Na Veja pós-Mino se dizia: antes crie a frase e depois a
coloque na boca de alguém".
Crise do jornalismo